sábado, 28 de setembro de 2013

História de Oxalá

                           
                                         OXALÁ
Se Exu é o começo de tudo, Oxalá é o fim. Se Exu é o principio da vida, Oxalá é o principio da morte. Equilíbrio positivo do Universo, é o pai da brancura, da paz, da união, da fraternidade entre os povos da Terra e do Cosmo. Pai dos Orixás, é considerado o fim pacífico de todos os seres. Orixá da ventura, da compreensão, da amizade, do entendimento, do fim da confusão.
O branco, nos cultos Afro-Brasileiros, é a cor principal. É, entretanto, o luto, a cor de Oxalá, pois Oxalá é aquele Orixá que vai determinar o fim da vida, o fim da estrada do ser humano. Daí sua cor ser considerada a cor do luto, nos Cultos. Oxalá é ofim da vida, é o momento de partir em paz, com a certeza do dever cumprido.
Embora não gostemos dela, nem que a queiramos com certeza, a morte é uma conseqüência da própria vida. Exu inicia, Oxalá termina. É assim nas rodas de Candomblé, no xirês, quando louvamos todos Orixás. Começamos por Exu, terminamos com Oxalá.
A religião, então, encara o fator morte com a mesma naturalidade com que encara os demais assuntos, pois ele faz parte da Natureza e sabemos que tudo tem um inicio, um meio e um fim. Também o Culto vai encarar esta evidência com lógica e vai determinar uma regência, ou melhor, inúmeras regências, para essa força chamada Oxalá.
A morte é descanso final, e se é o descanso final é a paz. Oxalá é o Orixá da paz. Ele é o pai da brancura, cor do luto no Candomblé. Portanto ele é o pai a morte, ou melhor dizendo, é o principio do fim da vida.
Mas Oxalá também tem outras atribuições na Natureza. É ele que vai proporcionar a paz entre os homens; é ele que vai trazer o entendimento, a compreensão, o sossego, a fraternidade, não somente entre os homens, mas também em sua relação com outras forças da natureza, pois é comum nas Casas de Santo oferecemos comidas e flores, para que Oxalá venha apaziguar uma situação de conflito, uma determinada cabeça. É ele que servirá de mediador para que haja uma solução, uma definição.
Oxalá, portanto, está presente nos momentos em que a calma é estabelecida. Rege a tranqüilidade, o silêncio, a paz do ambiente.
Oxalá é o equilíbrio das coisas, mantendo-as suavemente estabilizado e em posição de espera ou definição, de acordo com o caso, de acordo com a situação.
É, portanto, a organização final, da maneira mais pacífica possível.
Mitologia
Oxalá era marido de Nanã, Senhora do Portal da vida e da morte. Senhora da fronteira de uma dimensão (a nossa) para outras.
Por determinação da própria Nanã, somente os seres femininos tinham o acesso ao Portal, não permitindo a aproximação dela de seres do sexo masculino, sob hipótese alguma. Esta determinação servia para todos, inclusive para o próprio Oxalá.
E assim foi, durante muito tempo. Porém, Oxalá não se conformava em não poder conhecer o Portal, não só por ser marido de Nanã, como por sua própria importância no panteão dos Orixás.
Assim, pensou, até que encontrou a melhor forma de burlar as determinações de sua esposa. Não fugindo de sua cor branca, vestiu-se de mulher, colocou o Adê (coroa) com os "chorões", no rosto, próprio das Iabás (mulheres) e aproximou-se do Portal, satisfazendo, enfim, sua curiosidade.
Foi pego, porém, por Nanã, exatamente no momento em que via o outro lado da dimensão. Nanã aproximou-se e determinou:
-Já que tu, meu marido, vestiste-te de mulher para desvendar um segredo importante, vou compartilhá-lo contigo. Terás, então, a incumbência de ser o principio do fim, aquele que tocará o cajado três vezes ao solo para determinar o fim de um ser. Porém, jamais conseguiras te desfazer das vestes femininas e, daqui para frente, terá todas as oferendas fêmeas!
E Oxalá, conhecido por Olufan, passou a comer não mais como demais santos Aborós (homens), mas sim cabras e galinhas como as Iabás. E jamais se defez das vestes de mulher. Em compensação, transformou-se no Senhor do principio da morte e conheceu todo o seu segredo.
Oxalá, portanto, é o fim. Não o fim trágico, mas pacífico, de tudo que existe no mundo. E por isso merece todo o carinho que lhe damos. Por isso, é o nosso salvador, nosso conselheiro, aquele que vem nos momentos de angustia para trazer algo que esse mundo precisa demasiadamente: Paz.
                                                                                                                                                                
Mitologia de Oxaguian
Oxalá, rei de Ejigbô, vivia em guerra.
Ele tinha muitos nomes, uns o chamavam de Elemoxó, outros de Ajagunã, ou ainda Aquinjolê, filho de Oguiriniã.
Gostava de guerrear e comer.
Gostava muito de uma mesa farta.
Comia caracóis, canjica, pombos brancos, mas gostava mais de inhame amassado.
Jamais se sentava estavam sempre atrasados, pois eram muito demorado preparar o inhame.
Elejigbô, o rei do Ejigbô, estava assim sempre faminto, sempre castigando as cozinheiras, sempre chegando tarde para fazer a guerra.
Oxalá então consultou os babalaôs, fez suas oferendas a Exu e trouxe para a humanidade uma nova invenção.
O rei de Ejigbô inventou o pilão e com o pilão ficou mais fácil preparar o inhame e Elejigbô pode ser fartar e fazer todas as suas guerras.
Tão famoso ficou o rei por seu apetite pelo inhame que todos agora o chamam de "Orixá Comedor de Inhame Pilado", o mesmo que Oxaguian na língua do lugar.                                                                                                                                                                                                                                                                  
                                                   Oxalufan                                                                                                                                                                                                      OSÀLÚFÓN saudoso de seu filho SÀNGÓ resolveu visita-lo , porém , antes consultou um BÀBÁLÁWO para saber se correria tudo bem nessa viagem . O BÀBÁLÁWO disse-lhe que não fosse , pois haveria contra tempos ; OSÀLÚFÓN , mesmo assim , quis aventurar-se . O BÀBÁLÁWO disse-lhe que a viagem seria muito perigosa , se realmente quisesse ir , deveria seguir tudo o que êle dissese . OSÀLÚFÓN aceitou e êle disse que levasse três peças de roupas brancas e sabão e aceitasse tudo que lhe acontecesse sem reclamar . OSÀLÚFÓN fez todas as oferendas que lhe foram confiadas e partiu , como era muito velho ia lentamente , apoiado em seu cajado . Encontrou logo em seu caminho ÈSÙ ÈLEPÒ PUPA , dono do azeite de dendê , sentado a beira da estrada com um barril de azeite de dendê ao lado , após uma troca de saudações , ÈSÙ pediu a êle que o ajudasse a colocar o barril sôbre a sua cabeça , êle concordou e ÈSÙ aproveitou para , durante a operação , derramar , maliciosamente , o conteúdo do barril sôbre OSÀLÚFÓN , pondo-se a zombar dêle . Este não reclamou , seguindo as recomendações do BÀBÁLÁWO , lavando-se no rio próximo , pôs uma roupa nova e deixou a velha como oferenda , continuando a andar com esforço e foi vítima , ainda por duas vezes , de tristes aventuras com ÈSÙ ELEEDU , dono do carvão , e ÈSÙ ALAADY , dono do óleo de palma , OSÀLÚFÓN sem perder a paciência lavou-se e trocou de roupa , após cada uma das esperiências , enfim chegou aos arredores de OYO e foi surpreendido pelo tropel de um cavalo que havia fujido , tentando agarra-lo . Os guardas vendo aquêle velho agarrado ao cavalo , confundiram-no com um ladrão , nessa época o roubo de cavalo era um crime inafiançável , pegaram-no e como era costume na época , quebraram-lhe as pernas , porque era assim que faziam com os ladrões . Preso e impossibilitado de comunicar-se com seu filho SÀNGÓ , pelos maus tratos , acabou por ficar aleijado .

Logo as coisas começaram a decair em OYO , as colheitas secaram , as mulheres ficaram estéreis , as colheitas não mais produziam , os animais começaram a morrer , as calamidades e doenças invadiram o reino de OYÓ . SÀNGÓ muito preocupado procurou um OLUWO , adivinho , este disse-lhe que tudo estava acontecendo por causa de um velho que encontrava-se preso em suas masmorras , em seu castelo , SÀNGÓ então dirigiu-se imediatamente para as masmorras , pois queria saber quem era esse velho que tantos danos a seu reino causara . Chegando ao calabouço , ordenou que abrissem a cela , para sua surpresa , em uma delas , encontrava-se seu pai , soltando-o imediatamente e suplicando desculpas , sendo perdoado . Então , como por encanto , tudo começou a prosperar em OYÓ . SÀNGÓ vestiu seu pai ricamente e banhou-o com as águas mais limpas das fontes , sercando-o com belas mucambas , OSÀLÚFÓN sentiu-se no paraíso , fartas colheitas e suntuosos banquetes foram-lhe sevidos , só tinha um porém , êle estava aleijado e não podia caminhar ; seu filho então presenteou-o com uma rica bengala de prata , ornada com pedras preciosas e pérolas , o ÀPÁ SÓRÒ .

Quando OSÀLÚFÓN teve que seguir para ILÉ YFÈ , cidade sagrada do povo YORÙBÁ , devido ao seu estado alquebrado , SÀNGÓ pediu a AYRÀ que o carregasse nas costas , AYRÀ era um Òrìsá no fundamento de SÀNGÓ , era um de seus servos de confiança . SÀNGÓ naquêle momento estava reconstruindo OYÓ , não podia ausentar-se da cidade e nem de seu povo , para redimir-se com OSÀLÚFÓN , pediu a AYRÀ que o levasse , pois sentia-se indignado com o que havia acontecido com seu pai , mesmo sabendo que não havia sido de propósito .

AYRÀ ia ser o preferido de OSÀLÚFÓN no período de reconhecimento , entretanto , AYRÀ percebeu que OSÀLÚFÓN era um Òrìsá muito especial , um ser de grande sabedoria e sabendo que era de confiança de SÀNGÓ , aproveitou o momento para saber os segredos de OSÀLÚFÓN , então usou de má fé e tentou convencer a este que SÀNGÓ era o culpado pelos sete anos que passou na prisão em OYÓ . OSÀLÚFÓN , porém , estava ciente de que tudo que passou , pois OLODUMARÈ e o BÀBÁLÁWO o havia prevenido . AYRÀ então passou a ter uma grande rivalidade com SÀNGÓ , por este motivo não se deve coloca-los juntos na mesma casa , para SÀNGÓ pôe-se o pilão e para AYRÀ não , porque irá criar confusão entre OSÀLÚFÓN e SÀNGÓ . Chegando a YFÈ , OSÀLÚFÓN agradecido a AYRÀ deu-lhe o título de seu primeiro ministro , fazendo dêle seu mais fiél amigo , por este motivo AYRÀ come diferente dos SÀNGÓ , sendo suas oferendas levando todos os ingredientes que estavam na mesa de OSÀLÚFÓN ; foi-lhe concedido comer em sua gamela o arroz , a canjica e o mingau de acaçá , sendo-lhe proibido o dendê , o sal e os carosos do quiabo , que quando secos prepara-se certos atins de ÈSÙ .

Um comentário:

  1. Este texto reflete uma visão equivocada do candomblé, quando diz que Èsù é o principio de tudo.

    Na mitologia tradicional Ioruba, o òrìsà que é "o começo de tudo" é Òòsàálá.

    Èsù nunca foi princípio de nada. Ele é apenas o mensageiro dos òrìsà.

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